Nomes estranhos e ininteligíveis. Conceitos complexos que afastam as pessoas da leitura filosófica. Mas não é tão difícil. Basta um pouco de paciência e leitura. Assim, nesta edição vamos falar de um pensador muito citado ultimamente, mas pouco compreendido e, menos ainda, lido. Karl Marx, ele mesmo, o "vilão" da vez.
Dentre muitos conceitos chave para compreender
a obra de Karl Marx, um dos mais essenciais é o chamado "Materialismo
Histórico". O que é isso afinal? Vamos entender.
Em síntese, Marx considerou que em determinado
grau de desenvolvimento das Forças Produtivas, elas tendem a corresponder
determinadas Relações de Produção, por exemplo, Relações de Produção de tipo
feudal correspondem a Forças Produtivas de tipo Agrícola. No entanto, considera
Marx, as Relações de Produção se mantêm enquanto favorecem as Forças Produtivas
e são destruídas quando se convertem em obstáculos ou empecilhos para elas. E
como as Forças Produtivas, em conexão com o progresso técnico, se desenvolvem
mais rapidamente que as Relações de Produção, as quais, exprimindo-se nas
relações de propriedade, tendem a permanecer estáticas, segue-se periodicamente
uma fase de atrito ou de oposição dialética entre os dois elementos, que gera
uma época de revolução social, onde as novas Forças Produtivas são sempre
encarnadas por uma classe em ascensão, enquanto as velhas são sempre encarnadas
por uma classe dominante em declínio.
Ele observa como exemplo, a Revolução Burguesa
que deu fim ao mundo feudal e Aristocrático. Neste momento da história a
Relação de Produção mantida pela exploração da produção pelos senhores feudais
e aristocratas proprietários de terras e dos meios de produção permaneceram
estáticas na sua "nobreza", enquanto a Força Produtiva representada
pelo burguês, detentor do Know How de produção e comércio, se desenvolveu nesta
Relação de Produção de modo a permitir a capitalização da burguesia ascendo-a à
dominância da referida Relação de Produção, tomando o domínio feudal e
aristocrada e gerando uma nova Força de Produção, qual seja, o proletário.
E mais, este conjunto de Relações de Produção
constitui uma estrutura econômica na sociedade que se torna a base de uma
superestrutura jurídica e política correspondente às formas sociais de
consciência.
Em
outras palavras, o modo de produção da vida material condiciona todo o processo
da vida social, política, jurídica e espiritual.
É evidente que aqui não se pretende resenhar
sobre o assunto, muito menos criticá-lo, o que é impossível numa simples coluna
com intuito jornalístico, mas permitir ao leitor um contato com o conceito
sintetizado do instituto, o qual, basicamente se resume neste movimento
evolutivo e dialético das sociedades humanas baseado nas relações entre a força
produtiva e os grupos que dominam esta força e que vão nortear toda a atividade
daquela sociedade e suas instituições políticas e jurídicas.